Lucas Lustosa

1º aluno do PPGCOM/UFG a fazer Doutorado Sanduíche conta sua experiência na Califórnia

Lucas Lustosa está na University of California, San Diego (UCSD)

Lucas Lustosa é o primeiro doutorando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFG (PPGCOM/UFG) a participar do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). A aprovação no processo seletivo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do edital ​19/2020, levou Lucas até a University of California, San Diego (UCSD), onde deve ficar entre quatro e seis meses, sob orientação da co-orientadora Dra. Boatema Boateng, de Gana. No PPGCOM/UFG, Lucas Lustosa é orientado pelo Dr. Magno Medeiros.

Para participar da seleção, Lucas teve como motivação a crença de que o diálogo acadêmico com outra universidade é uma oportunidade de crescimento, onde pode compartilhar conhecimento com outros pesquisadores e rever paradigmas. “Desde o mestrado estudo racialização/racismo e mídia, para pensar o impacto afro-diaspórico na construção cidadã para pessoas negras nas américas (especificamente Brasil), sobretudo no período pós-escravista. Pensar neste tema é o meu principal foco enquanto pesquisador da comunicação”, conta Lucas.

A partir do projeto de doutorado, Lucas observou a necessidade de buscar um diálogo com países da América onde a diáspora africana se fez presente para “compreender como o processo de racialização em diferentes locais impacta as nossas interações em redes sociais digitais”. Assim, Lucas começou a construir a possibilidade do doutorado com período sanduíche no exterior. O pós-graduando conta que a escolha da universidade e do co-orientador é crucial nesse processo, por isso escolheu a UCSD. “Os Estados Unidos possuem uma tradição nos estudos de mídia e raça, e estes foram pontos importantes para a minha escolha: dialogar com um departamento com histórico nas pesquisas do meu campo de estudos. Esta combinação atendia o meu recorte investigativo, em que observo as semelhanças e diferenças entre dois países das Américas impactados pela diáspora africana em rede”, enfatiza Lucas.

O doutorando Lucas Lustosa (Arquivo pessoal)
O doutorando Lucas Lustosa (Arquivo pessoal)

 

Além disso, o doutorando conta que o Departamento de Comunicação da University of California, San Diego, possui “múltiplas redes possíveis envolvendo estudos de raça (a exemplo do grupo Black Studies Project), estudos latino-americanos (o grupo de estudos Chicanx and Latinx e também o Center for Iberian and Latin American Studies)”, destaca o doutorando. A experiência do departamento em estudos sobre redes digitais em articulação com temas sociais foi outro ponto que atraiu Lucas para a UCSD, bem como a recepção positiva da co-orientadora Dra. Boatema Boateng, que respondeu o contato de Lucas expressando identificação com a pesquisa a ser desenvolvida por ele.

Lucas destaca, ainda, a facilidade do acesso à bibliografias que não estão disponíveis no Brasil e que são complementares à sua tese doutoral, que passa por “um estudo comparado entre Brasil e Estados Unidos diante das interações que as redes de sociabilidade virtual possibilitam para comunidades negras”. O doutorando destaca que “a partir dessas revisões e descobertas bibliográficas venho estabelecendo diálogos acadêmicos com minha co-orientadora e também em grupos de pesquisa, e isso tem sido muito revelador”. A expectativa de Lucas é, ainda, publicar artigos coletivamente com a co-orientadora e os grupos de pesquisa que participa. 

 

Chegada no estrangeiro 

“Estar em um país estrangeiro, se comunicando por uma língua que não é a sua língua materna e com aspectos culturais distintos dos nossos é um desafio”, afirma Lucas. Mas, o doutorando destacou a receptividade do Departamento de Comunicação da UCSD e dos colegas de outras regiões e programas do Brasil que estão na mesma universidade como essenciais para compor uma rede de suporte na Califórnia.

Uma curiosidade narrada por Lucas é sobre a cidade de San Diego, que faz divisa com Tijuana no México e, por isso, é possível observar uma grande influência da cultura mexicana. Ele conta que basicamente toda a comunicação oficial da prefeitura é bilíngue, em inglês e espanhol. O doutorando considera que "o clima da cidade é bastante agradável, o sol é constante e a maresia fresca que vem do oceano pacífico é outro aspecto que torna a experiência ainda mais agradável”.

Quanto à University of California, San Diego, Lucas destaca a política de atração de estudantes, docentes e “filiados”, que vem de todas as partes do mundo. para ele isso “torna a universidade um espaço relativamente plural racialmente e com uma tendência de maior polifonia em termos epistemológicos”. Outro ponto levantado pelo doutorando é que, diferente da UFG e das universidades públicas no Brasil, o ensino universitário na UCSD não é gratuito, cobrando dos estudantes um valor muito elevado, mesmo para o padrão norte-americano: “essa realidade financeira se reflete na infra-estrutura monumental da Universidade, que também recebe recursos do governo e de financiadores”.

Apesar disso, observando o que considera uma elitização universitária da University of California, San Diego, Lucas diz que vê “a universidade brasileira, com todos os problemas, como um espaço mais democrático”. E, diante da estrutura da UCSD, o doutorando faz uma reflexão: “fico pensando na alta capacidade e performance de pessoas pesquisadoras/professoras/estudantes do Brasil que, mesmo diante dos cortes de recursos destinados às universidades públicas promovidos por esta atual política de precarização, empreendem pesquisas de qualidade, e com relevância nacional e internacional”.

 

Texto: Kalyne Menezes

Fonte: Kalyne Menezes / Enredos Digitais

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